quinta-feira, agosto 25, 2005 ---

INFERI


Se eu te der um pouco desse meu entusiasmo, dessa minha vontade imensa, o que você é capaz de me dar em troca? Talvez um pouco desse seu sarcasmo, dessa tua crueldade cravada em solo pra me deixar em suspenso em pleno ar e vôo e um tiro na asa esquerda. Deixa cair. Agoniza. Pra te chupar agora a veia do lado esquerdo, essa abaixo dessa tua pinta em forma de um bocadinho de pólvora. Vou praticar escatologia. Em prosa e verso. Rimar com as tuas calças no meio dos joelhos, um elástico já frouxo, e esse pau mole que você tem tanto medo de exibir. Não me intimido com merdas, nem com sondas, nem com cheiros, nem com gosmas a secar enquanto esperam que novas se juntem e se duelem sobre os tecidos. De pele morta. De sinapse lenta a cometer desatinos. Me intimido é com covardes. Com sobreposições. Praticantes de dilemas. Fonemas em línguas opostas. Pêlos sem funções de correspondência. Pra enfiar a minha língua afiada nos teus buracos infecundos e te dizer que quem te movimenta a partir de agora sou eu. Mais pra esquerda, puxo a cordinha! Agora pra direita. Isso levanta o pezinho! Meus dedos levantam e sua cabeça pende dizendo que sim. Que topa. Com um sorriso de marionete que agora eu te dou de presente. É certo. É definitivo. No infinitivo. Pra te dizer em latim, em língua velha e morta que eu vou te levar pro inferno.



2:54 PM -

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