segunda-feira, setembro 12, 2005 ---

QUARTO FORTE


Esta é sua ala de agora em diante. Transferência imediata mediante tais constatações. Problemas com o sono, noites viradas do avesso, descaso com a mobília, indolência nas palavras e falas incertas. É certo. Sem direito a estantes. Livros confiscados. Este é o som que ouvirá daqui por diante. O meu. Sem autofalantes. Sem réplicas, conversas paralelas, sem bilhetes, nem revistas. Sem fatos, nem fotos. Sem punhetas, sem latrinas, sem letreiros, nem mesquitas. Bote os pesos nessa tua balança, senão você cansa. Dança. Sozinho. Um passinho por vez. Juras imediatas, ilusões de ótica, uma maçã podre bem no meio desse seu estômago. De barata. Depois deita, levanta, deita, levanta. Pra descobrir que tem um outro mundo aqui fora. Só pela janelinha. Que fica abaixo da linha da tua cintura. Ficas bem em curvatura. Em parábola a tua hipérbole. Aproveita e reza. Pra que não dure muito ou perdure pouco esse sufoco em poucos metros. Perdoa, mas nem tanto. Sofra, mas nem tanto. Peque, mas nem tanto. E lembre-se: não arranhe o chão, não se cague todo, não perca o tino, não engula tudo, não cuspa nada. Não durma. Nem desperte totalmente. Não peça ajuda e não grite, porque ninguém vai ser clemente. Demente. E chore por enquanto. Mas baixo, que ninguém aqui quer ouvir. Só eu, só eu, só eu. A te esperar lá no pátio, com um sorriso ensaiado, pra quando você voltar.
-----------------------------------------------------------------------
Nesse quarto Dona Estultícia entra sem bater: www.quartointeiro.blogspot.com


4:25 PM -

Arquivos